MENSAGEM DE SOLIDARIEDADE PARA COM AS VÍTIMAS DOS INCÊNDIOS
Chega o verão, estação do ano por natureza quente, convidativo ao descanso e ao lazer, cujas temperaturas da época as nossas gentes suportariam pacífica e naturalmente se não fossem os incêndios que surpreendentemente deflagram um pouco por toda a parte, instaurando a intranquilidade e deixando um rasto de destruição e de dor humana.
Este ano, têm sido vários os incêndios florestais que ameaçaram vidas e bens, nomeadamente no nosso distrito de Aveiro. As chamas destruíram uma imensa área florestal em Águeda, Anadia e outras zonas da Diocese.
A floresta, que é uma importante fonte de riqueza não só ambiental, pois é um bem fundamental para o equilíbrio da natureza mas também um importante capítulo da nossa economia, com os incêndios torna-se um imenso manto negro e um amontoado de cinzas e escombros, constituindo graves prejuízos ambientais, sociais e económicos.
É conhecido de todos que a dimensão florestal tem uma distribuição geográfica muito marcada, sendo que a grande área se situa no interior, ‘convivendo’ com uma população desertificada, em contraste com o litoral. O abandono de extensas áreas florestais, associadas a certas situações atmosféricas ou a ações negligentes e criminosas, são efetivamente causas do número de incêndios. Águeda é exemplo deste calamitoso ‘cenário’. Aquando da minha visita pastoral, pude constatar a desertificação que assola estas localidades. Como podem estas populações investir na prevenção e combater o fogo florestal, se as circunstâncias e toda a envolvência não lhes são favorável?
Nestes momentos de angústia e de catástrofe, a todos aqueles que foram afetados, que viram os seus bens devorados pelas chamas, para muitos o fruto do trabalho de toda uma vida, expresso a minha solidariedade e uma palavra de esperança cristã. Uma palavra de apreço a todos os bombeiros, “soldados da paz”, que, dedicada e abnegadamente, lutam contra a violência das chamas que consomem bens naturais e materiais, pondo em risco as suas próprias vidas. Uma palavra de apreço e justiça é devida à Proteção civil e Autarquias, sejam elas Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia ou Associações civis, que por todos os meios se colocam ao serviço das populações. Também a minha saudação amiga e estima a todos os escuteiros, tendo à frente a Junta Regional, que prontamente apoiaram os bombeiros, quer nos quartéis quer no terreno, e diligentemente auxiliaram as populações, sem esquecer a preciosa entreajuda dos populares.
A Igreja não é indiferente ao drama das nossas populações. Ontem mesmo houve uma reunião onde estiveram representantes da Cáritas diocesana, das paróquias de Águeda, da Santa Casa de Misericórdia e das Conferências vicentinas para se coordenarem entre si na ajuda a prestar às populações afetadas. De entre algumas medidas já possíveis, desejo salientar: – Deslocação ao terreno de uma equipa de apoio constituída por duas psicólogas clínicas e uma assistente social; Realojamento temporário na Santa Casa da Misericórdia onde há disponibilidade para 20 pessoas; Colaborar na reconstrução das habitações destruídas ou danificadas; Apoiar ao nível de roupas e géneros alimentícios; Fornecimento de refeições por parte da Santa Casa da Misericórdia e do Centro Social Paroquial da Borralha; Apoio espiritual por parte dos nossos párocos.
Todos sabemos o quanto é doloroso, em breves instantes, ver esvaírem-se os bens e sentir-se privado do que tantas vezes é fonte de subsistência! Que as necessidades que forem possíveis colmatar sejam supridas com a ajuda de entidades públicas e privadas e pela mão de gente benfazeja. Não podemos ficar indiferentes à dor alheia e à calamidade que a todos afeta e compromete.
O meu fraterno afeto.
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Aveiro, 11 de agosto de 2016
† António Manuel Moiteiro Ramos, Bispo
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